segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nagas as serpentes divinas.


Nagaraja em mural de templo , Sri Lanka.

Patanjali o escritor dos yoga-sutras.


Vishnu e Sesha Naga

“O demônio de um homem é a deidade de outro”, na tradição védica (e em outras tradições religiosas antigas) a adoração a nagas (serpentes) é uma constante e representa o substrato mais antigo das tradições, na tradição judaico-cristã são vistas como encarnações do mal, nas culturas tradicionais a historia é bem diferente.
No contexto védico e nas culturas decorrentes desta (budista, jaina, sikh) as nagas são vistas como seres divinos, dentro da cultura vaishnava (em que eu me enquadro) Krishna (Deus) se expande primeiro como Balarama, e este se expande como Ananta-Sesha que significa “infinita – eterna” uma serpente e mil cabeças, e Vishnu usa esta serpente como cama e trono. Balarama também sempre é representado com uma Naga sobre sua cabeça.
Shiva usa nagas como adornos e ele distribuiu o veneno que bebeu ( na historia da batedura do oceano de leite) entre serpentes e escorpiões tornando-os venenosos, Ganesha usa uma naga como cordão sagrado, Buddha foi protegido de uma tempestade pela naga Muchalinda, Patanjali o criador do sistema de yoga é uma encarnação de Sesha-Naga e tem corpo meio serpentino, além de muitas outras deidades que tem alguma ligação com as serpentes e deidades serpentes como a deusa Manasa.
A história das nagas no mundo material (serpentes divinas como Ananta-Sesha são formas do Senhor, portanto não são materiais) começa com a historia do sábio Kasyapa e de suas duas esposas Kradu e Vinata.
As duas esposas queriam ter filhos, Kradu queria ter-los em grande número e Vinata queria ter poucos mais poderosos filhos. Desta forma o sábio Kasyapa satisfez seus desejos e Kradu teve 1000 ovos que se tornaram serpentes e Vinata teve apenas dois de onde nasceram Aruna ( aurora) o quadrigario de Surya o Deus Sol, e Garuda o vahana ou montaria do Supremo Sri Vishnu.
Vinata foi mais tarde escravizada por Kradu o que resultou na eterna inimizade entre Garuda e as serpentes (ver o post sobre Garuda ), após vários incidentes que levaram a liberação de Vinata por Garuda, Kradu desejava novamente escraviza-la e tento a certeza de conseguir novamente o feito pedia ajuda a seus filhos serpentes e obtendo a relutância de seus descendentes Kradu irada os amaldiçoou para que fossem mortos em um sacrifício de fogo.
Sabendo da maldição Vasuki o então rei das nagas aproximou de um asceta renomado Jaratkaru com uma proposta de matrimônio do sábio com deusa serpente Manasa, sua própria irmã, esperando assim gerar um herói para salvar as serpentes de seu destino, da união nasceu uma criança de esplendor celestial de nome Astika que seria o salvador das serpentes.
Após a morte de Maharaja Pariksit (neto de Arjuna o pandava) amaldiçoado por um brahmana de ser morto por uma serpente, seu filho Maharaja Janamejaya decide se vingar das serpentes e cumprindo a maldição de Kradu faz um sacrifício onde serão oferecidas todas as serpentes, pelo poder dos sacerdotes e dos mantras as serpentes eram chamadas por seus nomes e arrastas ao fogo e consumidas por ele.
O sacrifício então tomou proporções de genocídio quando Astika foi intervir, aproximando de Janamejaya e glorificando o sacrifício com eloqüência satistazendo Maharaja Janamejaya, que ofereceu uma benção a escolha de Astika, que prontamente pediu que o sacrifício fosse encerrado, e mesmo lamentando Janamejaya foi fiél a sua palavra e encerrou o sacrifio.
Além desta historia o Mahabharata também varias passagem em que sita as nagas como o relacionamento entre Arjuna e a princesa naga Ulupi que lhe deu um filho chamado Iravat que foi morto durante a batalha de Kurukshetra.
Na religião tradicional as nagas são deidades protetoras das nascentes, dos corpos de água dos subterrâneos e guardiãs das jóias que usam sobre suas cabeças para iluminar os mundos inferiores onde habitam e protegem o conhecimento esotérico.
São objetos de extrema veneração principalmente no sul da Índia adorado em deidades chamadas “nagakal” ou serpentes de pedra, acredita se que trazem fertilidade (matar uma serpente faz uma pessoa ser estéril na próxima vida) e bons filhos aos seus adoradores, o principal dia dedicado as nagas é o Nagapanchami no mês de Shravam (julho/agosto) que também marca o dia em que Krishna conquistou a serpente Kaliya.
Os templos dedicados a Nagaraja (Rei-serpente) mais importante são Mannarsala no estado de Kerala, onde toda família tradicional tem um bosque na casa onde são adorados as nagakal, e o templo de Nagerkoil em Tamil Nadu.
Muitas dinastias como os kshatrias Nair de Kerala são descendentes das nagas.
As nagas também são importantes em paises de grande influencia hindu como Tailândia, Camboja, Indonésia e Malasya.
Acredita-se que as nagas vivem em Patala ou Nagaloka e tem como capital a cidade de Bhogavati
अनन्तं वासुकिं शेषं पद्मनाभं च कम्बलम् ।
Anantam Vāsukim Shesham Padmanābham cha Kambalam
शंखपालं धार्तराष्ट्रं तक्षकं कालियं तथा ।।
Shankhapālam Dhārtarāshtram Taxakam Kāliyam tathā
एतानि नवनामानि च महात्मनाम् ।
Etāni navanāmāni cha mahātmanām
Tradução
Anantha, vasuki, padmanabh, kambala, shankhapaal, dhartaraashtra, takshak e kaaliya – estes nove são os grandes entre grandes.

Adoração as nagas em Nagpanchami.















Deidades de Nagas sendo adoradas em Kerala.

Adoração a naga em Kerala.

Naga em templo de Orissa.

Naga em parque tailandes.
















Templo de Nagaraja em Nagerkoil, Tamil Nadu.

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