quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Shaktismo

Durga

durga Lakshimi Saraswati

Lalita-Tripurasundari




Gayatri

















Existem três principais correntes da espiritualidade védica, são os vaishnavas (devotos de Vishnu), os shaivas (devotos de Shiva) e os shaktas (devotos de Shakti ou a Deusa).
Na tradição védica nunca o sagrado feminino foi deixado de lado e mesmo no vaishnavismo ou shivaismo o papel da Deusa é fundamental, NÂO EXISTE MASCULINO SEM O FEMININO OU SEJA NÂO EXISTE VISHNU SEM LAKSHIMI OU SHIVA SEM PARVATI.
O shaktismo ou “doutrina do poder” foca seu culto neste principio feminino na forma de Devi, para os shaktas Devi é o Supremo Brahman, Ela não é vista apenas como uma consorte de uma divindade masculina mais sim como a fonte da energia de qual o masculino é a parcela passiva.
O shaktismo esta mais ligado ao shivaismo e tem em Shiva o lado masculino mais transcendente e inativo como costumam dizer “Shiva sem Shakti é Shava ou seja um cadáver” também é bem conhecido um hino shakta composto por Sripada Sankaracarya chamado Saundalyahari onde é citado na primeira linha “ Se Shiva está em união com Shakti ,Ele é capaz de criar, se não Ele não é capaz nem de se mover”.
A história, do ponto de vista acadêmico, do shaktismo tem raízes muito profundas na Índia (assim como em todo o mundo) com artefatos que datam desde 22.000 anos!!!.
Nos Vedas existem diversos hinos dedicados as Deusas como o Sri Sukta, e varias deidades femininas são citadas como Ushas (o amanhecer), Sri (Lakshimi),Svaha (Ablução esposa de Agni), Sachi (Kali) para citar alguns exemplos.
Como dito anteriormente para os shaktas Devi é a Suprema Personalidade a personificação e energia de toda a criação, ou seja é o ÚNICO sistema religioso no mundo completamente orientado para o feminino, mais isso não isso não implica a rejeição do masculino.
Outro aspecto muito interessante do shaktismo é sua forte associação com o tantra, desde a adoração ortodoxa nos templos do Sul da Índia aos ritos mágicos e ocultos do Norte da Índia, principalmente no respeito a usos de mantras, yantras, e elementos de yoga, sempre praticados sob a guia de um guru fidedigno e qualificado após o rito de iniciação (Diksa) com ensinamentos orais em suplemento aos textos sagrados (como ocorre em todas as linhas filosóficas védicas), na parte social o tantra é muito positivo no aspecto de não considerar as barreiras de castas (um shudra pode ser um guru, e todas as mulheres são consideradas manifestação de Shakti) fazendo que todo adepto masculino tente encontrar a sua parte feminina para assim poder adorar o Supremo de forma adequada (ótimo exemplo: os maiores “devotos” de Krishna por exemplo são mulheres –as gopis- e o Senhor Chaitanya tinha o sentimento de Radha por Krishna ou seja leiam bastante pois não será aqui que vou elucidar tamanha complexidade, para dar um exemplo de como o Gaudiya Vaishnavismo também é muito influenciado pelo Tantra).
Os shaktas se aproximam de Devi nas Suas mais diversas manifestações, mas sem esquecer que todas são consideradas manifestação de uma Deusa Suprema. A preferência de uma forma, que é chamado de ishtadevata, depende de vários fatores, tradição familiar, região geográfica, linha de Guru (parampara), etc. As principais formas adoradas ou as mais “básicas” seguem abaixo:
-Parashakti- Devi na sua forma transcedental.
-Durga – Mahadevi oi Suprema Divindade.
-Sri Lakshmi – Deusa da fortuna (amor, beleza , poder , prosperidade, saúde, etc) shakti de Vishnu.
-Parvat i- consorte de Shiva e manifestação mais “maternal” de Durga.
-Saraswati - shakti de Brahma e Deusa dos assuntos culturais (artes, literatura, musica, ciências, conhecimento, etc.)
-Gayatri-aspecto de Saraswati como conhecimento transcedental.
-Ganga - Deusa do rio Ganges.
-Sita - Devi consorte de Rama.
-Radha - Devi como consorte e shakti de Krishna.
Alem das citadas acima adoradas e conhecidas por todos os ramos hindus existem um grupo mais fechado ao shaktismo e ao tantra, são as Dasamahavidyas ou os Dez Grandes Conhecimentos, que são:
-Kali – a Devoradora do tempo, a encarnação da Destruição cósmica.
-Tara – outro nome de Kali como guia e protetora que leva a salvação.
-Lalita-Tripurasundari – a”Beleza dos três mundos” aspecto de beleza e forma Tantrica de Parvati.
-Bhuvaneswari - Senhora e mãe do mundo, personificação do Universo (os vaishnavas á adoram na principalmente como Subhadra, outra vez tantra e vaishnavismo rs)
-Bhairavi – aspecto de força da Deusa.
-Chinnamasta – a nutriz que se auto sacrifica para nutrir o mundo, retirando sua energia do poder sexual.
-Dhumavati – a Deusa como viúva,representa o mundo após a destruição.
-Bagalamuki- aspecto de proteção.
-Matangi- a Saraswati tantrica por vezes sem casta (intocável) e por vezes energia de Lalita-tripurasundari.
-Kamala- Deusa do lótus ou a Lakshimi tantrica.
A adoração a Devi ocorre principalmente por dois grupos, ou famílias ( no sentido de linha filosóficas ou sampradayas), a Srikula (mais forte no sul da Índia) e a Kalikula (do norte e leste da Índia), um aspecto interessante do Srikula e a adoração através de um Yantra o famoso Srichakra.
O principal festival shaktista é o Navaratri (nove noites) onde se adoram as Deusas e onde se lê o Devimahatmya do Markandeya Purana um dos principais textos shaktas.
Existem vários templos dedicados a Devi ou Shaktapithas (assentos de Shakti) como são chamados, que tem relação aos locais onde os pedaços do corpo de Devi caíram após serem cortados por Visnu no passatempo de Shiva e Sati (onde Devi se imolou no fogo em protesto ao seu pai Daksha, por não aceitar seu casamento com Shiva e após matar o sogro, Shiva sai carregando o corpo de Sati que é cortado pelo disco de Vishnu e tem os pedaços espalhados pela Terra, depois Sati renasce como Parvati filha da montanha), alguns templos importantes são os de Vaishio Devi, nos Himalayas; Dhakshinakali; em Kolkatta; Meenakshi, em Madurai; Kamakhya, em Assam; Kamakshi, em Kanchipuram; Kanyakumari, no estremo Sul; Vimala em Puri; só para citar alguns.
O Shaktismo sofreu muita persequição principalmente durante o período de dominação inglesa que junto com alguns outros grupos hindus a considerava ( alguns ainda consideram) como magia negra ou ocultismo.
Hoje o shaktismo saiu das barreiras indianas e também floresce na Europa e América do Norte, o primeiro templo hindu aberto na América do Sul na Venezuela é dedicado a Kali.
O número de adeptos entre não indianos cresce muito nos últimos tempos principalmente na América do Norte, como uma busca de uma religião mais antiga livre do patriarquismo das religiões, como era em todo o mundo antes das religiões abrahanicas.
É acho que sou um pouco shakta também.
Dakshineswara Kali mandir

Um comentário:

  1. Graças a todos os Deuses hoje temos a "liberdade", mas ainda sim com muito preconceito de podermos cultuar as nossas deidades femininas. Como vc sabe sou uma bruxa e muito devota de DURGA com toda honra! Sinto-me feliz em ver que muitas pessoas estão despertando para o obvio, ou seja, o masculino não vive sem o feminino e vice-versa! Mas o pior de tudo isso é que existem seguimentos religiosos que enaltecem demais o feminino e esquece-se da importância do masculino, assim como o inverso tb ocorre e durante há muitos séculos!
    Isso muito me entristeci, mas é bom saber que temos pessoas "poucas" como vc, mas temos para poder passar adiante e que está tão obvio diante aos olhos de todos!
    É tão fácil as pessoas fazerem uma analogia óbvia. Se membros de uma mesma família têm personalidades tão diferentes, porque uma deidade seria única “onipotente e onipresente”?
    Existem personificações das deidades, e é lógico que se torna impossível existir um único Deus. Bem, acho melhor eu para por aqui, pois já estou bruxística demais...huahuahuahuahuahu...
    Continue assim meu amigo, tenho certeza que vc vai elucidar corretamente a mente de muitas pessoas, ao contrário do que vem fazendo a novela global!...rs
    QUYNA.

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