quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sobre o Dharma.







Dharma é o termo básico para o entendimento da cultura védica, é também é um termo difícil de explicar por ter muitos significados como “dever”, “virtude”, “ética”, “lei” e até pode ser entendido como religião, apesar de não haver o termo em si em nenhuma língua indiana ou de pais Hindu (como os antigos Camboja, Bali ou Java).
Além disso, o dharma sofre divisões, existe o dharma pessoal, e o social como um dever de casta, por exemplo, o cumprimento do dharma correto leva a pessoa à liberação, pois, cumprindo o seu dharma de acordo com sua natureza a pessoa eleva-se espiritualmente em direção a moksha (liberação).
Sabendo a posição que pessoa está situada ela terá um dharma a cumprir referente a ações, alimentação, deveres sociais, etc. O dharma sendo uma espécie de “lei” deve ser cumprido de forma consciente, se por acaso uma pessoa não cumpre o seu dharma é sinal que está fazendo a coisa errada “adharma”, e então ela não colherá os frutos esperados, o que será gerenciado pelo karma ou “trabalho, ação”, a pessoa colherá os frutos do seu trabalho, se for uma pessoa virtuosa que age de acordo com seu dharma ela se elevará espiritualmente, caso contrario se degradará e não será feliz nesta ou em outra vida.
Sabendo da variedade de dharmas referente às diferentes classes de pessoas e posições sociais e espirituais (varna e ashrama) os sábios antigos criaram os dharmashastras ou os códigos do Dharma para guiarem as pessoas no caminho correto.
Sendo o dharma um processo natural é esperado que as pessoas sigam seus passos virtuosamente e prosperem, pois, se alguém protege o dharma agindo conforme sua natureza será protegido pelo dharma ao passo se alguém contrariar sua natureza (ou seja não cumprir seu dharma) será punida pelas leis do karma. “Proteja o dharma e será protegido, tente destruí-lo e será destruído”.
Dharma também e personificado por uma deidade Dharmaraja ou Yamaraja o senhor do dharma e da morte, é representado as vezes sobre a forma de um touro cujas quatro patas representam os quatro pilares do dharma: limpeza, veracidade, misericórdia e austeridade.
Durante as quatro eras que dura a criação as pessoas vão perdendo estas virtudes e hoje só sobra a veracidade (estamos na quarta e ultima era a kaliyuga , não confunda com a deusa Kali please).
O texto abaixo vem de um Upanishad (que significa “sentar junto” ao mestre) é muito conhecido na Índia e era dito ao discilupo ao deixar a escola do mestre (gurukula), e hoje ainda e dito nas graduações de universidades na Índia. Nele diz sobre a importância no respeito as demais pessoas, ao respeito e observância do dharma, e a riqueza não é rejeitada nem desprezada e pede-se que haja com generosidade que deve ser feita sem arrogância ou egoismo.

Fala a verdade.
Segue o caminho da virtude.
Não negligencie a recitação de teu Veda (conhecimento).
Depois de trazer a riqueza cara a teu mestre, não corte teus laços.
Não negligencies a verdade.
Não negligencies o dharma.
Não negligencies o bem estar de teu corpo.
Não negligencies a fortuna e a riqueza.
Não negligencies o estudo e o ensinamento dos textos sagrados.
Não negligencies os rituais para honrar os deuses e ancestrais.
Considera tua mãe como um deus.
Considera teu pai como um deus.
Considera teu mestre como um deus.
Considera teus hóspedes como deuses.
Pratica aquelas ações que não mereçam censura, e não outras.
Tem em consideração apenas o bem que viste em nós, não outras práticas.
Dá com fé; não dês sem fé.
Dá com abundância, dá com modéstia, dá com temor, dá com pleno conhecimento e compaixão.

Taittiriya Upanishad 1.11.1-3

Namaskar

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