terça-feira, 19 de maio de 2009

Varuna वरुण

Varuna em escultura balinesa.














Varuna वरुण, é o deus dos líquidos mais particularmente do oceano, nos Vedas, onde é adorado em vários hinos, é descrito como chefe dos Adityas (filhos de Adity) ligado a noite e muito unido a Mitra (aspecto divino da ordem cósmica também adorado no oriente médio e em todo o Império Romano, onde era chamado Mithras, até na Inglaterra), que passaram a ser geralmente referidos como Mitra-Varuna, são guardiões do rta ou da ordem Universal.
Varuna também é guardião do ocidente, reside no oceano e é servido pelas nagas (ver post serpentes divinas),representado como um jovem de cor amarela que carrega entre outras armas um laço (pasha) geralmente feito de serpentes e um pote de água, monta um mostro marinho chamado makara uma mistura de elefante e crocodilo.
Alguns Puranas citam Varuna em suas Histórias como, por exemplo, no Bhagavata Purana , quando o pai adotivo de Sri Krishna, Nanda Marahaja é preso por Varuna por adentrar em um rio sagrado antes do horário permitido (o amanhecer), também é citado no Ramayana, quando por demorar a atender as orações de Rama, este irado ameaça o oceano e os seres que lá habitam por sua raiva as águas começam a esquentar e temendo por suas vidas os seres marinhos buscam a intervenção de Varuna que, após desculpar-se como Rama (que é o próprio Senhor Vishnu), ajuda Rama a atravessar suas águas dizendo que o oceano suportaria qualquer pedra que tivesse o santo nome de Rama escrito.
Hoje Varuna é regularmente adorado somente pelos hindus Sinddhis, no Paquistão, que o tem como deidade principal.
A história da importância de Varuna para este povo aconteceu após o século X em que a região foi dominada pelos muçulmanos. O governante da região Mirkshah chamou os lideres hindus e comunicou-lhes “convertam-se ou preparem para morre” os hindus apavorados pediram um prazo até a publicação do édito real sobre o assunto ao passo que o Shah deu aos hindus 40 dias para se despedirem de seu Deus.
Os sindhis então foram pedir ao deus das águas Varuna para que fossem libertos das perseguições dos muçulmanos, e por quarenta dias fizeram penitencias, sem cortar cabelo, barba e jejuando, entoando canções e orações a Varuna.
Após quarenta dias uma voz foi ouvida vindo do céu “não temam, irei salva-los do demoníaco Mirshah. Aparecerei como um mortal filho de Mata Devaki na casa de Matachand Lohano em Nasarpur”
Meses após a revelação correu a noticia que Mata Devaki deu a luz a um belo garoto, este abriu os olhos e a boca e dela saiu o rio Sindhu (Indo) e das águas surgiu um homem de idade com as pernas cruzadas sentado em um peixe Pala que só nada contra a corrente e se tornou novamente uma criança, na hora do nascimento, fora da estação, imensas nuvens se reuniram e caiu uma chuva torrencial. O salvador Varuna realmente veio em ajuda aos hindus.
A criança foi chamado Udayachand ou “Lua nascente” pois ele seria a luz na escuridão para os Sindhis, o berço da criança balançava sozinho e por isso ele foi apelidado de Jhulelal que significa “criança balançante”.
As historias sobre o nascimento da criança chegaram aos ouvidos do Shah ao que ele fez com que fossem chamados os lideres hindus, estes pediram mais prazo para o Shah e informaram que seu salvador o próprio deus das águas Varuna tinha nascido entre eles. Mirkshah ridicularizou os hindus por acharem que uma criança os salvaria e disse ” não sou eu que estou indo em direção a morte e sim vocês, que não deixaram esta terra com vida”. “Esperarei”,zombou o Shah,” e quando seu salvador abraçar o islã, vocês também o seguirão” lançando com arrogância um desafio aos hindus.
Entre mentes o Shah decidiu se livrar da criança e mandou um ministro dar-lhe uma rosa envenenada que só por ser cheirada já mátaria um adulto.
Chegando a casa da criança o ministro ficou boquiaberto pela beleza da criança, nunca vira criança igual aquela, entregou-lhe a rosa fazendo com que a criança abrisse um enorme sorriso e então ela cheirou a rosa com força. A rosa caiu aos pés do atormentado ministro que via a criança se transformar em um velho de longa barba e depois em um jovem de dezesseis anos, que se manifestou como um jovem cavalheiro com uma espada flamejante em suas mãos sobre um cavalo acompanhado de um grande exercito, o ministro então caiu de joelhos e com as cabeça no chão e orou “ Tenha misericórdia de mim Senhor de Sindh, estou convencido sobre vós”.
Ao retornar o ministro narrou o ocorrido a Mirkshah que não acreditou no que ouviu e disse ao ministro que criançãs não se transformam em velhos e o que o ministro teria visto era só magia, mas mesmo assim o Shah ficou com medo em seu coração, a noite sonhou com uma criança sobre seu pescoço e que ela se tornava um velho e depois um jovem que o vencia em batalha.
O tempo foi passando e a criança crescendo em estatura e espírito, fazendo milagres e curando os doentes, o povo todo tinha certeza que Varuna tinha vindo salvá-los.
Enquanto isso os clérigos islâmicos pressionavam o Shah a converter os infiéis hindus e temendo a ira dos clérigos ele pediu ao seu ministro que arrumasse uma reunião com Jhulelal.
O ministro, que já havia se convertido para o hinduismo, não sabia o que fazer e sentou-se a beira do Rio Sindho (indo) orando a Varuna , para a sua surpresa apareceu o mesmo homen idoso sentado sobre um peixe a flutuar nas águas do Sindhu, o ministro prestou-lhe reverencias e então surgiu novamente o jovem com espada na mão e uma bandeira na outra(imagem abaixo), o ministro sabendo que ele era Varuna contou-lhe a vontade do Shanh ao que Jhulelal se dirigiu ao palácio do governante muçulmano.
Chegando ao palácio apareceu no pátio perante ao Shah e explicou-lhe “Tudo que você vê a sua volta é a criação de um só Deus, vocês o chama de Alá e os hindus de Iswara”, os clérigos muçulmanos esbravejaram e disseram ao Shah para não dar ouvidos ao infiél e sim para coloca-lo a ferros, com medo o Shah mandou que seus soldados prendessem o jovem.
Os soldados foram em direção a Jhulelal mas do nada veio um grande onda de água que os jogou para o outro lado do pátio junto com os clérigos e o Shah, e o palácio ao mesmo tempo irrompeu em chamas e as saídas ficaram bloqueadas pelo fogo, Jhulelal dirigiu se ao Shah “Mirkshah reflita, seu Deus e o meu é o mesmo. Então por que você persegue meu povo?”
O Shah terrificado pediu a Jhulelal para que os salvasse da morte junto com seus cortesãos, então a água retrocedeu e o fogo se apagou, o Shah se curvou em respeito e prometeu que daquele dia em diante trataria hindus e muçulmanos igualmente, então Jhulelal pediu aos hindus que construíssem um templo em memória a mudança do Shah e que neste templo devia ter sempre acesa uma lamparina e água sagrada estocada, nomeou então seu sobrinho de nome Pagad como sacerdote e lhe transmitiu ensinamentos que são seguidos por um grupo hindu chamado Daryahi, e algum tempo depois na aldeia de Thijahar, Jhulelal decide deixar sua forma terrena. Perante hindus e muçulmanos desapareceu nas águas, ambos os grupos construíram no local um samadhi (sepulcro hindu) e um darghar (sepulcro muçulmano) lado a lado.
Até hoje Jhulelal e a deidade central da comunidade Sindhi.
Varuna também ainda é muito cultuado pelos hindus da ilha de Bali.
Templo de Varuna em Karachi no Paquistão.

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